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Editorial: Cuidado com o agronegócio

Data: 20/11/2013 00:00

Com a maior e mais diversificada indústria da América Latina, o Brasil depende cada vez mais do agronegócio e da mineração para sustentar seu comércio exterior, como se fosse um país especializado em produtos básicos. Basta ver a balança do agronegócio para ter uma ideia do desajuste comercial da economia brasileira. De janeiro a outubro o setor acumulou um superávit de US$ 72,13 bilhões,

As exportações totais proporcionaram até outubro uma receita de US$ 200,47 bilhões, 1,4% menor que a de igual período de 2012, pela média dos dias úteis. Houve perda de receita em todas as grandes categorias - básicos, semimanufaturados e industrializados. Mas, quando se destaca o agronegócio, encontra-se um panorama diferente.

O valor exportado, de US$ 86,42 bilhões, foi 6,9% maior que o de um ano antes. O saldo, de US$ 72,13 bilhões, também superou o de igual período do ano anterior, com expansão de 7,22%. Apesar do cenário internacional adverso e também das dificuldades internas, principalmente de Logística, os exportadores conseguiram elevar o faturamento obtido com os principais produtos.

A maior fatia da receita, de US$ 29,19 bilhões, 18,4% maior que a de um ano antes, foi proporcionada pelo complexo Soja. Esse bom resultado foi garantido pelas vendas do produto em grãos, com aumento de 29,5% no volume e de apenas 0,8% no preço médio. Em outros casos, como no da carne bovina, houve redução do preço médio (4,9%), enquanto a tonelagem aumentou 20,8%. No caso do açúcar, a expansão do volume vendido (18,5%) foi insuficiente para compensar a queda do preço (17,9%) e a receita, de US$ 9,94 bilhões, acabou sendo 2,7% menor que a de janeiro a outubro de 2012.

Em resumo, os exportadores do agronegócio enfrentaram condições variadas de preço e de demanda, mas, no conjunto, conseguiram obter resultados bastante bons e sustentar, ou mesmo ampliar, sua participação nas vendas globais.

O aumento geral da receita de vendas, de 6,9%, foi distribuído desigualmente entre vários mercados, mas houve aumentos importantes do valor embarcado para alguns dos principais compradores, como China, EUA, Países Baixos, Japão, Itália e Coreia do Sul. A participação chinesa nas exportações do agronegócio brasileiro aumentou de 21% para 25,3%. A dos EUA, de 6,9% para 7,1%. A dos Países Baixos, de 6% para 6,8%.

Com os ganhos de produtividade acumulados nos últimos 25 ou 30 anos, o agronegócio tem conseguido superar desvantagens importantes, a começar pelos problemas logísticos. Para levar seu produto da fazenda à indústria, ao comércio ou ao Porto, um fazendeiro americano do Meio-Oeste gasta cerca de um terço do valor despendido pelo brasileiro, como foi mostrado em recente reportagem no Estado. A isso seria preciso acrescentar problemas de tributação e custos burocráticos - sem falar na insegurança criada pelas tolices da política agrária.

Desvantagens como essas tendem a crescer, se as soluções prometidas forem muito demoradas e incompletas. A tendência, na maior parte dos países concorrentes, é a oposta - melhora sensível e rápida nas condições de produção e de comercialização. No Brasil, é necessário atacar problemas como esses também para destravar o potencial de competição dos demais setores produtivos. De janeiro a outubro do ano passado o saldo comercial do País havia sido um superávit de US$ 17,35 bilhões. A deterioração já ocorre há alguns anos e a passagem a um déficit de US$ 1,83 bilhão neste ano, até outubro, é um sintoma assustador. Todas as causas são internas.

Fonte: O Estado de S.Paulo

 

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